A partir de 2003, o setor audiovisual, aliado à uma série de políticas públicas, procurou enfrentar a centralidade geográfica e social que marcou a produção cultural até então.  Em 2009, a emergência de realizadores contemporâneos munidos de novas abordagens de se pensar o cinema brasileiro já era flagrante. No entanto, esta transformação pouco se refletia no circuito de festivais. Surgia assim a Semana dos Realizadores, e agora, Semana de Cinema: um movimento que buscava oferecer mais espaço a filmes que apontavam para novos caminhos, mas que naquele momento não encontravam um circuito de difusão.

O evento tornou-se rapidamente um dos pontos de referência do novíssimo cinema brasileiro, para a cidade e o país. Com o passar dos anos a Semana de Cinema cresceu. Firmou-se não só como espaço de exibição, mas de encontros e trocas. Promoveu debates relativos à produção audiovisual e conversas que transbordaram os limites do cinema. Aulas magnas, exibições em praças públicas, laboratórios itinerantes, exposição de videoinstalações e exibições em escolas públicas foram alguns dos movimentos de expansão.Diversos temas são debatidos através das obras, da territorialidade da produção às potências de invenção do cinema, da necessidade de preservação do patrimônio audiovisual à construção de memórias pro futuro, dos corpos como instrumento de intervenção política às novas cosmogonias, ampliando a experiência para além dos filmes como objetos artísticos individualizados, exclusivos e autônomos. O festival é um espaço para cruzamentos de reflexões e propostas de maneira democrática. E segue se reinventando como um movimento cultural e afetivo.